Um atleta diferente
Madrugada fria, e estava pensando em elaborar um post. Um post totalmente diferente dos outros, não queria um simples relato como em minha vida. Então me perguntei, por quê teria que ser meu? Poderia ser de outra pessoa, mas que fosse digno de se relatar. Então veio à mente um homem simplesmente incrível, o meu amigo Luis Edmundo, mais conhecido como “Di”! Meu irmão, meu colega, meu analista, um do melhores amigos de infância que tenho e um atleta diferente. O Di é um cara diferente de todos os amigos de infância, eu o conheci quando tinha uns oito anos de idade, ele morava ao lado da casa do meu pai. Estava eu no muro da casa, quando vi o Di e sua mãe subindo a rua com uma bicicleta “Caloi Cross” amarela, novinha… novinha, até aí tudo bem, mas o que vocês não sabem é que o Di é deficiente visual, ou seja, cego, cegueta, ceguinho… como ele mesmo fala.
Como pode um sujeito andar de bicicleta e ser cego? Podem não acreditar, mas o Di pedalava normalmente dentro da garagem do seu prédio. Ele memorizou todos os espaços e guardou o número de pedaladas que podia dar, era impressionante. Fomos crescendo e o Di foi surpreendendo a todos. Penta-campeão Brasileiro de futebol de salão, Bi-campeão Sul-americano de Futebol de Salão, Campeão Mundial de Futebol de salão, o Di não ficou só nisso não. Durante algum tempo virou atleta e seu esporte preferido era a corrida dos 100, 200 metros e provas de Pentatlo. Foi chamado para as Paraolimpíadas de Seul e só não foi ao pódio porque durante o aquecimento teve uma lesão. Seu tempo era melhor do que o corredor que venceu na época.
Em 1989 o Dí passou no vestibular na UFMG no curso de Fisioterapia. Como assim, fisioterapia?? Como pode uma pessoa cursar o curso de fisioterapia sendo cego??!! – Pois é, o Di fez e fez muito bem!! Foi o primeiro deficiente visual a completar o curso de fisioterapia na UFMG, aliás, acho que foi do Brasil!! Hoje o Di trabalha no Hospital das Clinicas, no Sara Kubitschek e passou em primeiro ligar no TRT em Minas (Tribunal Regional do Trabalho).
O cara é fera ou não é? Casado o Di tem três filhos e uma esposa magníficos. Brincalhão como ele não existe ninguém, há casos engraçadíssimos como do primeiro dia de aula quando se sentou no fundo da sala e o professor, escrevendo a matéria no quadro negro, perguntou: -“Vocês ai do fundo estão enxergando?” O Di, muito sacana, respondeu que não e ainda um colega sugeriu que o professor aumentasse o tamanho da letra no quadro. O professor assim o fez, e perguntou novamente: -“E agora melhorou, está dando para enxergar??” O Di, respondendo a verdade, falou que não! O professor então solicitou que o Di sentasse na primeira fila; Di levantou normalmente e assim o fez. Sem perceber nada, o professor perguntou novamente: “E agora, está enxergando? O Di respondeu: – “Não”. Cansado de escutar que o aluno não enxergava, o professor perguntou: – “Você é cego cara??!! – Sarcasticamente, o Di se manifestou: – “Sou, tem algum problema?!” Ao final todos ali estavam rindo da situação.
Outro caso engraçadíssimo é o da senhora idosa que pegou no seu braço e perguntou-lhe: -“Meu filho, você pode ajudar essa velha senhora a atravessar a rua, eu enxergo pouco e tenho medo, falou ela.” “Ironicamente o Di pensou“ Bom, enxergar eu não enxergo, mas medo eu não tenho, então o que custa ajudar!? Então o Di pegou no braço da senhora e se tocou a atravessar a rua, quando ao final, ele segurou a bengala e armou (a bengala de cego, normalmente é retrátil)!! A senhora, olhando aquilo teve um ataque de nervos, quase enfartou e perguntou: “-Você é cego, Deus nos ajude!!!??” E Di respondeu::-“ Amém dona”. Esse Di é da pá virada mesmo!
Esse é um atleta diferente ou não é? (breve fotos)
Abraços do CorreGuto